Jair Bolsonaro passou por nova avaliação médica após a repercussão do episódio envolvendo sua tornozeleira eletrônica. De acordo com documentos apresentados por sua defesa ao Supremo Tribunal Federal e relatos confirmados por veículos internacionais, como a agência Reuters, médicos apontaram que o ex-presidente apresentou alucinação e paranoia provocadas por uma combinação de medicamentos prescritos por profissionais distintos. Essa condição teria influenciado diretamente sua reação ao equipamento de monitoramento, que registrou tentativa de manipulação e falhas de sinal.
Segundo a avaliação médica, Bolsonaro estava fazendo uso simultâneo de remédios para dor, ansiedade e distúrbios de sono, o que pode ter potencializado efeitos colaterais. A mistura teria causado episódios de confusão mental, sensação de ameaça e alterações na percepção durante a madrugada. Esse quadro é compatível com efeitos adversos de determinados ansiolíticos e analgésicos quando administrados juntos ou em dosagens próximas.
A defesa argumentou que Bolsonaro não teve intenção de violar medidas judiciais e que agiu sob impacto direto desses efeitos colaterais. Em sua justificativa, o ex-presidente relatou que acordou durante a noite com a impressão de que a tornozeleira estava emitindo sinais anormais, o que teria aumentado a sensação de perigo provocada pela combinação de remédios. A equipe responsável pelo acompanhamento clínico afirmou que episódios de alucinação são possíveis em situações como essa, especialmente quando o paciente apresenta estresse elevado ou falta de sono.
Os médicos informaram ainda que Bolsonaro foi avaliado após o episódio e recebeu orientações para interromper ou ajustar parte da medicação. O tratamento foi revisado, e ele passou por exames para monitorar possíveis efeitos prolongados. O quadro de saúde geral foi descrito como estável, com necessidade de observação contínua devido ao impacto emocional e físico das últimas semanas.
O episódio ocorre em meio à prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, que considera fatores como risco de fuga, tumultos provocados por vigílias convocadas por aliados e alertas emitidos pelo monitoramento eletrônico. A falha registrada na tornozeleira reforçou a preocupação das autoridades e motivou nova análise da conduta do ex-presidente.
Com a divulgação do laudo médico, especialistas em psiquiatria e medicina legal comentaram que situações de alucinação induzida por medicamentos são mais comuns do que se imagina, especialmente em pacientes sob estresse, privação de sono ou uso combinado de remédios para dor e ansiedade. Embora o episódio explique o comportamento, juristas lembram que cabe ao STF avaliar se a justificativa terá peso na decisão sobre endurecimento ou manutenção das medidas cautelares.
A defesa de Bolsonaro considera o documento essencial para mostrar que não houve tentativa consciente de violar regras, enquanto opositores argumentam que o caso deve ser analisado com cautela, já que o monitoramento eletrônico é um instrumento fundamental para execução da pena.
O processo segue em tramitação, e novas avaliações médicas podem ser solicitadas. A expectativa é que o Supremo analise o relatório nas próximas etapas e decida se o episódio será considerado falha involuntária ou se contribuirá para uma possível conversão de prisão preventiva em definitiva.