O Planalto e a Casa Branca elevaram o tom de otimismo e já tratam como certo o primeiro encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Interlocutores dos dois lados afirmam que, depois de uma rodada positiva de contatos diplomáticos e de uma troca de sinais públicos, a conversa presencial entrou na fase prática de agendamento. Em declaração oficial recente, os governos concordaram em trabalhar para realizar a reunião na primeira oportunidade disponível, após rodada de diálogos comerciais em Washington.
Segundo fontes diplomáticas, a equipe de Lula considera três possibilidades logísticas: agenda em território norte-americano, encontro em local neutro durante compromissos multilaterais e janela paralela a viagens já programadas de Trump pela Ásia. A alternativa com mais tração nos bastidores é um encontro à margem de compromissos na Malásia, hipótese ventilada por integrantes da chancelaria brasileira e reportada pela imprensa internacional.
O movimento é lido em Brasília como tentativa de reposicionar o diálogo bilateral depois de meses tensos, marcados por tarifas adicionais dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e por atritos retóricos. Em ligação telefônica no início de outubro, Lula pediu a Trump a redução das tarifas e a remoção de sanções a autoridades; desde então, assessores viram um degelo que abriu espaço para discutir uma agenda mínima comum.
No Itamaraty, a avaliação é que a reunião pode render ganhos práticos em comércio e investimentos, ainda que persistam divergências políticas. O entendimento é que a fotografia dos dois presidentes num mesmo ambiente, com mensagem coordenada, ajuda a baixar a temperatura e reabre canais para negociar temas sensíveis como tarifas, energia, tecnologia e segurança. A leitura também é de que, com a aproximação, o Brasil busca proteger interesses do agronegócio e da indústria, evitando que disputas geopolíticas contaminem fluxos comerciais.
A ala política do governo vê a conversa como oportunidade de reafirmar o protagonismo externo do Brasil e de sinalizar pragmatismo. Já analistas em Washington observam que a Casa Branca procura demonstrar capacidade de engajar líderes de diferentes espectros, sobretudo em um momento em que os Estados Unidos ajustam prioridades na Ásia e no Atlântico. A possibilidade de a reunião ocorrer na Malásia ganhou corpo conforme avançaram as agendas de viagens oficiais de Trump para a região.
Em paralelo, diplomatas alertam que gestos e declarações públicas recentes exigem cautela para não azedar o clima antes do encontro. A orientação é calibrar o discurso e blindar a negociação de ruídos, privilegiando resultados concretos. A imprensa brasileira registrou essa preocupação entre integrantes do Itamaraty nos últimos dias, reforçando a necessidade de disciplina na comunicação até a confirmação formal da data.
O anúncio oficial, quando sair, deve ser coordenado por ambos os governos, com local e pauta sintetizados em nota conjunta. Até lá, a ordem é trabalhar em silêncio para transformar a convergência política já estabelecida em um cronograma concreto de reunião. A sinalização de que o encontro é questão de agenda, e não mais de vontade, consolidou-se após a última rodada de conversas técnicas.