O influenciador digital Ruan Carlos da Silva Morais, de 18 anos, conhecido como “Cearense do Grau”, morreu durante uma intervenção policial em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, na madrugada desta terça feira, 25 de novembro de 2025. Segundo a imprensa local, ele estava em uma motocicleta no momento em que foi seguido por uma equipe da Polícia Militar do Ceará. A ocorrência terminou com o jovem morto e a namorada, de 16 anos, ferida e hospitalizada sob escolta policial.
Ruan ficou conhecido nas redes sociais por vídeos de grau em motocicletas e conteúdos de humor. Ele somava mais de 200 mil seguidores no Instagram e milhões de visualizações em outras plataformas. Após a confirmação da morte, amigos, seguidores e familiares passaram a publicar homenagens e pedidos de esclarecimento sobre a ação policial. A mãe do influenciador, em publicação nas redes sociais, afirmou que ainda busca entender o que aconteceu e que pretende cobrar respostas das autoridades.
De acordo com a versão oficial, o caso começou depois que a PM foi acionada para atender uma denúncia de ameaça envolvendo ocupantes de uma moto que teriam intimidado profissionais de imprensa na região. Durante o patrulhamento, policiais avistaram um casal em uma motocicleta em alta velocidade e em atitude considerada suspeita. A abordagem teria sido iniciada a partir daí.
A seguir, a Polícia Militar divulgou uma nota sobre a ocorrência, registrada como intervenção policial:
Nota da Polícia Militar do Ceará
A Polícia Militar do Ceará informou que, na madrugada de terça feira, uma equipe da 1ª Companhia do 14º Batalhão foi acionada pela Ciops para apurar uma denúncia de ameaça envolvendo ocupantes de uma motocicleta no bairro Cágado, em Maracanaú. Durante o patrulhamento, a composição visualizou um casal em uma moto em alta velocidade. Os policiais relataram que foi dada ordem de parada, que não foi obedecida, resultando em acompanhamento tático pelas ruas da região.
Conforme o relato oficial, o condutor da moto teria efetuado disparos de arma de fogo contra a equipe, que reagiu com tiros alegando legítima defesa. A perseguição terminou quando a motocicleta colidiu com o meio fio, provocando a queda dos dois ocupantes. A garupeira, de 16 anos, foi socorrida ao hospital, onde permanece sob escolta. O condutor, de 18 anos, não resistiu aos ferimentos. Perto do local, os policiais apreenderam um revólver calibre 38 com munições deflagradas e intactas. A ocorrência foi encaminhada à Delegacia Metropolitana de Maracanaú, registrada como intervenção policial e ato infracional análogo à tentativa de homicídio contra os agentes.
A versão apresentada pela PMCE ainda será analisada pela Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar as circunstâncias exatas da ação. A investigação deve ouvir os policiais envolvidos, a namorada do influenciador, coletar imagens de câmeras de segurança e realizar perícia na arma apreendida e na motocicleta. O procedimento também deve verificar se os disparos atribuídos ao condutor partiram de fato da arma encontrada no local.
Enquanto a parte oficial fala em disparos contra a equipe e legítima defesa, pessoas próximas ao influenciador e moradores da região colocam em dúvida a dinâmica do confronto e cobram transparência nas apurações. A família afirma que pretende acompanhar de perto o inquérito e, se necessário, buscar apoio jurídico para garantir acesso às informações.
Especialistas em segurança pública lembram que casos de intervenção policial com morte exigem apuração detalhada, com perícia independente, análise de trajetória de tiros e checagem de todos os relatos. Eles reforçam que o uso de força letal só pode ser justificado em situações de ameaça real e que a investigação é fundamental para esclarecer se houve ou não excesso na abordagem.
O caso de Ruan Carlos reacende o debate sobre operações policiais, perseguições envolvendo motocicletas, influência das redes sociais em comportamentos de risco e a necessidade de protocolos rígidos para reduzir o número de mortes em intervenções. Até a conclusão do inquérito, o episódio segue sob investigação e cercado de questionamentos por parte da população.