O governo do estado do Rio de Janeiro anunciou que já estão agendadas dez novas operações policiais de enfrentamento ao crime organizado. Segundo o governador Cláudio Castro, as ações já contam com autorização judicial e seguirão o padrão da mais recente megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão.
Em entrevista ao colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o governador afirmou que essas operações não se tratarão de ocupações permanentes das favelas, mas de ações pontuais visando “recuperar territórios” onde facções criminosas — como a Comando Vermelho (CV) — exercem controle.
Castro destacou que, com base no modelo da operação que deixou mais de 120 mortos, o planejamento das próximas ações já considera o cumprimento de mandados, o apoio tático das polícias estadual e militar, e o mapeamento prévio de barricadas e rotas de fuga dos criminosos.
“Temos mais dez operações agendadas”, declarou o governador, afirmando que “essas ações já contam com autorização judicial” e que “o modelo que utilizamos foi testado na última ação de grande escala”.
Entre as regiões prioritárias está a zona oeste da capital e a Baixada Fluminense. A Polícia Militar passará a realizar operações diárias com objetivo de remover barricadas instaladas por criminosos em vielas e entradas de comunidades, segundo a reportagem.
Embora o anúncio tenha sido feito com tom de contundência, ele também gerou questionamentos acerca dos mecanismos de controle, da identificação precisa dos alvos e da segurança de moradores em áreas de intervenção. Especialistas em segurança pública apontam que “ações pontuais” são necessárias, mas que devem vir acompanhadas de presença preventiva, social e urbana nas comunidades após a operação, para evitar reocupação por facções.
Além disso, o fato de o governo afirmar que as operações já estão autorizadas judicialmente sugere que o estado está buscando maior previsibilidade e respaldo legal antes de realizar intervenções desse porte. O contexto da autorização judicial é especialmente relevante após as críticas que surgiram em torno da megaoperação anterior, onde o uso da força e os critérios de ação foram amplamente debatidos.
Para o governo, essa nova programação de operações marca uma escalada no combate ao narcotráfico e ao crime armado no estado. “Recuperar o território”, na linguagem oficial, significa desmontar barricadas, apreender armas de fuzil, cumprir mandados e restaurar o controle do Estado em regiões dominadas por facções.
Ao mesmo tempo, permanece em aberto a questão de como será feito o pós-operação — ou seja, a estabilização das regiões, a retirada de entulho bélico, a proteção de escolas e unidades de saúde, e o monitoramento das comunidades. Moradores têm relatado que, após grandes operações, a sensação de insegurança permanece até que haja reforço constante de policiamento comunitário e políticas sociais.
Em resumo, o anúncio de dez operações autorizadas demonstra que o governo do Rio acelerou seu planejamento de combate ao crime organizado com ações em série. Porém, o sucesso dessas operações dependerá não apenas da execução policial, mas da articulação com justiça, urbanização, emprego e permanência estatal nos territórios atingidos. A sociedade acompanhará de perto se essas operações serão, de fato, eficazes e sustentáveis no médio e longo prazo.