O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em vídeo divulgado nas redes sociais, que a aprovação de uma lei de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro seria um passo estratégico para o Brasil fortalecer suas negociações comerciais com os Estados Unidos. Segundo ele, a medida abriria caminho para que futuras tratativas internacionais fossem conduzidas em melhores condições, especialmente em um cenário em que o ex-presidente norte-americano Donald Trump volte ao poder.
No vídeo, Eduardo argumenta que a anistia não seria apenas uma questão de justiça interna, mas também uma forma de demonstrar estabilidade política ao exterior. Ele destacou que um país em clima de pacificação e sem processos políticos pendentes teria mais credibilidade diante de governos estrangeiros, o que facilitaria acordos comerciais.
“Com a anistia, o Brasil se coloca em uma melhor posição para negociar com os Estados Unidos. Tenho certeza de que isso resultará na redução ou até na eliminação de tarifas que hoje prejudicam nossos produtores”, afirmou o deputado.
A fala do parlamentar ocorre em meio a debates no Congresso Nacional sobre a possibilidade de aprovar uma anistia ampla aos condenados e investigados pelos atos de 8 de janeiro. Esses atos resultaram em invasões e depredações em prédios dos Três Poderes, em Brasília. Diversos partidos, incluindo alguns da base governista, já se manifestaram contra a proposta, alegando que ela poderia gerar impunidade e enfraquecer o combate a ataques contra a democracia.
Por outro lado, parlamentares ligados à oposição têm defendido a anistia como forma de “pacificação nacional”. Eles argumentam que, sem uma medida conciliatória, o país continuará dividido politicamente, o que, segundo eles, prejudica o ambiente de negócios e afasta investidores internacionais.
Eduardo Bolsonaro, que é um dos principais nomes da oposição, levou o debate para a esfera internacional. Ele citou que, caso Donald Trump retorne à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2024, o Brasil teria a oportunidade de renegociar tarifas sobre produtos brasileiros, como aço, alumínio e commodities agrícolas.
“O governo Trump sempre teve uma relação próxima com o setor produtivo brasileiro. Se estivermos em paz internamente e com nossos problemas resolvidos, vamos negociar de igual para igual, sem estar na defensiva”, disse.
Analistas políticos, no entanto, apontam que a fala de Eduardo mistura temas internos e externos de forma complexa. Para eles, a anistia é um tema jurídico e político nacional, enquanto a política comercial entre Brasil e Estados Unidos depende de fatores mais amplos, como a agenda econômica global e os interesses estratégicos de ambos os países.
Nos Estados Unidos, tarifas sobre produtos brasileiros têm sido motivo de disputa há anos. Em 2018, por exemplo, durante o governo Trump, houve aumento de impostos sobre o aço brasileiro, medida que gerou forte reação do setor industrial no Brasil. Embora, na época, tenha havido negociações para aliviar os impactos, parte das tarifas permaneceu em vigor.
Especialistas em comércio exterior destacam que, mesmo com uma eventual vitória de Trump em 2024, a redução dessas tarifas dependeria de acordos técnicos e econômicos, além da pressão de empresários americanos e brasileiros. Assim, a relação política entre os países pode influenciar, mas não garante, mudanças imediatas no cenário comercial.
Enquanto isso, no Congresso Nacional, a proposta de anistia ainda não tem data para ser votada. A discussão deve se intensificar nas próximas semanas, com articulações entre líderes partidários. A expectativa é que o tema divida o Parlamento e gere repercussão internacional, especialmente diante da sensibilidade em torno dos acontecimentos de 8 de janeiro.
A fala de Eduardo Bolsonaro reforça o tom político que a anistia vem ganhando, ampliando o debate para além das fronteiras nacionais. Para apoiadores, a proposta representa reconciliação e oportunidade de reposicionar o Brasil no cenário internacional. Para críticos, ela pode enfraquecer a responsabilização por atos contra a democracia e comprometer a imagem do país.
Por ora, a questão segue indefinida, com negociações em andamento e forte pressão de ambos os lados. Até que haja uma definição, a fala de Eduardo tende a manter o tema em evidência, conectando política interna, diplomacia e economia em um mesmo debate.