CARLA ZAMBELLI DIVULGA CARTA DE RENÚNCIA APÓS DECISÃO DO STF E DIZ QUE ATO É “MARCO INSTITUCIONAL”

Deputada afirma que deixa o mandato após decisão de Alexandre de Moraes, critica atuação do Judiciário e diz que renúncia não representa desistência da vida pública

Por f7
Foto : reprodução/ redes sociais

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) divulgou, na tarde deste domingo, uma carta pública em que anuncia oficialmente sua renúncia ao mandato na Câmara dos Deputados. O documento foi publicado em suas redes sociais e assinado por seus advogados, sendo direcionado ao presidente da Casa, deputado Hugo Motta. A manifestação ocorre após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinou a perda imediata de seu mandato parlamentar.

Na carta, Zambelli afirma que a renúncia não representa um recuo político, tampouco o abandono de suas convicções, mas classifica o gesto como um “marco institucional” diante do que considera uma interferência indevida do Judiciário sobre o Poder Legislativo. Segundo a deputada, sua decisão foi tomada após a Câmara ter mantido seu mandato em votação anterior, entendimento que, posteriormente, foi anulado por decisão do STF.

A parlamentar sustenta que o Parlamento exerceu sua competência constitucional ao deliberar sobre o caso, citando dispositivos da Constituição Federal que atribuem exclusivamente ao Legislativo a prerrogativa de decidir sobre a perda de mandato parlamentar. No texto, ela afirma que não houve provas jurídicas suficientes para justificar a cassação e que a decisão judicial desconsiderou o voto popular que a levou ao cargo.

Zambelli também menciona que se encontra fora do território nacional e, por isso, impossibilitada de comparecer pessoalmente à Câmara. Ainda assim, afirma que fala não apenas como deputada, mas como representante de eleitores que confiaram nela nas urnas. Em um dos trechos, diz que sua história política foi construída “nas ruas” e não nos gabinetes, reforçando o discurso de que sua atuação sempre esteve ligada a movimentos populares.

Ao justificar a renúncia, a deputada declara que, mesmo após a absolvição política no Parlamento, a decisão do Supremo acabou prevalecendo. Segundo ela, onde a Câmara teria absolvido, o Judiciário condenou. Diante desse cenário, afirma que optou por deixar o mandato para registrar, de forma formal e histórica, sua discordância com o desfecho do processo.

No encerramento da carta, Zambelli afirma que mandatos são temporários, mas que princípios não podem ser negociados. Ela diz que a democracia não se resume ao dia da eleição, mas depende do respeito às instituições, ao devido processo legal e à soberania do voto popular. A deputada também destaca que sua saída não deve ser interpretada como rendição, mas como um ato político de resistência.

A renúncia foi protocolada na Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados e deve resultar na convocação do suplente para assumir a vaga. Até o momento, não houve manifestação pública adicional do Supremo Tribunal Federal sobre a carta divulgada pela parlamentar, nem novo posicionamento oficial da Presidência da Câmara além dos procedimentos regimentais previstos.

O episódio amplia o debate sobre os limites entre os Poderes e deve continuar repercutindo no meio político nos próximos dias, especialmente entre aliados e opositores da deputada, que enxergam o caso como mais um capítulo da tensão institucional envolvendo decisões judiciais e mandatos eletivos.

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