Jair Bolsonaro voltou a prestar esclarecimentos à Polícia Federal e afirmou que não tentou em momento algum danificar ou retirar sua tornozeleira eletrônica. O equipamento registrou falha de sinal e possível violação, o que gerou novo alerta às autoridades e levou ao reforço da fiscalização. Segundo o ex-presidente, o problema teria acontecido enquanto dormia e não refletiria nenhuma ação intencional de descumprimento das medidas impostas pelo Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro está sob monitoramento eletrônico desde agosto, após decisão do ministro Alexandre de Moraes. A tornozeleira faz parte das restrições decretadas para garantir o cumprimento de sua pena e evitar risco de fuga, um dos pontos que motivaram sua recente prisão preventiva. A falha sinalizada pelo sistema eletrônico ocorreu na madrugada anterior ao registro, o que levou a PF a solicitar novos esclarecimentos.
Segundo relatos de investigadores, Bolsonaro disse ter dormido de forma desconfortável e que pode ter realizado movimentos que impactaram a conexão do equipamento. Ele negou qualquer tentativa de burlar a Justiça e afirmou estar cumprindo “todas as determinações” impostas pelo Supremo. A PF, por sua vez, registrou o depoimento e deve anexar o conteúdo ao processo que avalia eventual violação de medidas.
O equipamento eletrônico também está sendo analisado por técnicos da Secretaria de Administração Penitenciária, responsáveis por monitoramento e alertas do sistema. A avaliação busca identificar se houve falha técnica, má conexão, queda de sinal ou manipulação. Em casos semelhantes, o órgão costuma comparar histórico de posicionamento, variações de bateria e alertas de movimentação anormal para identificar inconsistências.
A defesa de Bolsonaro sustentou que o equipamento pode apresentar falhas naturais e que o episódio não configura tentativa de fuga. Os advogados afirmaram que o ex-presidente tem colaborado com todas as exigências, inclusive com a permanência em endereço fixo, e que eventuais falhas técnicas não deveriam ser motivo para novas medidas restritivas.
O caso ocorre poucos dias depois da prisão preventiva decretada por Moraes, baseada no risco de tumultos gerados por vigília convocada por apoiadores e possível intenção de deixar o país. Para investigadores, qualquer ocorrência relacionada à tornozeleira passa a ter maior peso no processo, pois o monitoramento é considerado um elemento central para evitar novas irregularidades.
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Especialistas em execução penal afirmam que falhas técnicas em tornozeleiras não são incomuns, mas reforçam que cada episódio precisa ser analisado isoladamente para determinar se houve comportamento intencional. Equipamentos podem apresentar instabilidade em determinadas posições, durante movimentos bruscos ou até em situações de bateria instável.
Nos bastidores, aliados políticos de Bolsonaro afirmam que o clima é de atenção total, já que qualquer episódio pode gerar pedidos de endurecimento das restrições. O Supremo aguarda os laudos técnicos e o relatório completo da PF para decidir se adotará novas medidas ou se considerará o episódio como mero problema operacional do dispositivo.
O caso segue em análise e ainda depende de avaliação técnica da tornozeleira e manifestação das autoridades responsáveis pelo monitoramento.
