APÓS MEGAOPERAÇÃO NO RIO, GOVERNO INVESTE MEIO MILHÃO EM ANÚNCIOS SOBRE SEGURANÇA

Dados da Meta Ad Library indicam gasto entre R$ 457 mil e R$ 545 mil em campanhas nas redes sociais após operação que ultrapassou 120 mortos.

Por f7

O governo federal impulsionou campanhas publicitárias nas plataformas do grupo Meta – Facebook e Instagram – com um investimento estimado entre R$ 457 mil e R$ 545 mil logo após a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A operação policial, iniciada em 28 de outubro de 2025, resultou em um número que ultrapassou 120 mortos, segundo levantamento feito pela Agência Brasil com base em informações de moradores e corpos encontrados em áreas de mata da Penha.  

De acordo com reportagem da CNN Brasil, o governo federal contratou anúncios com foco em segurança pública, abordando temas como cooperação entre forças, combate ao crime organizado e inteligência policial. A plataforma de transparência de anúncios da Meta, denominada Ad Library, registrou que as peças foram veiculadas nos dias que seguiram a operação, com impulsionamento em perfis oficiais da Presidência e de ministérios.  

Enquanto isso, o balanço da operação policial vem sendo atualizado. A Secretaria de Segurança do Rio informou inicialmente 64 mortos, sendo 60 suspeitos e 4 policiais. Porém, moradores relatam que cerca de 60 corpos foram retirados por eles mesmos da mata no Complexo da Penha, o que eleva o total para mais de 120. A Defensoria Pública e organismos de direitos humanos alertam para possível subnotificação.  

Especialistas em comunicação pública consultados afirmam que o uso de verba oficial para impulsionar campanhas digitais em momentos de crise já é prática institucional permitida, mas que o contexto do impulsionamento  no caso, logo após a megaoperação  levanta questionamentos sobre objetividade da mensagem e segmentação adotada. Alguns opositores alegam que a campanha poderia ter cunho de agenda política; por outro lado, representantes governamentais defendem que a ação busca informar a população sobre medidas de segurança em andamento.

No âmbito político, parlamentares de oposição anunciaram que irão requerer relatórios detalhados da Meta Ad Library para verificar os valores, públicos-alvo e conteúdos, além de avaliar se houve violação da legislação sobre propaganda de governo. Já membros da base aliada sustentam que esse tipo de investimento é “comunicativo” e necessário para dar transparência às ações de Estado em áreas de alto risco.

O debate se estende à forma como a operação foi conduzida e informada. As comunidades afetadas reclamam da falta de ocupação estatal após a retirada das forças policiais, e ativistas dizem que o número de mortos precisa ser oficialmente confirmado antes de qualquer justificativa de campanha digital. A atualização da contagem para mais de 120 mortos coloca a ação entre as mais letais da história do Rio de Janeiro, intensificando a pressão popular e midiática.

A disputa sobre números, narrativas e comunicação governamental está longe de encerrar. O painel da Meta Ad Library permanece aberto para consulta pública, e a expectativa é de que novos relatórios sobre os anúncios sejam requisitados por Constituição e Parlamento. A transparência dos gastos e o controle das campanhas em redes sociais emergem como capítulo relevante da política de segurança no Brasil.

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